Leia Material do O GLOBO que fala de Caçadores de imóvel, Nós somos CAÇADORES DE PONTO COMERCIAL
Publicado em 25/07/2012
Caçadores em busca do imóvel perfeito
Devido à escassez de imóveis para aluguel, mercado recorre aos ‘house hunters’
O trabalho dos “house hunters” é como o de detetives Ana Branco
RIO - Eles passam o dia, literalmente, à caça. Batem em muitas portas, fazem amizade com zeladores e porteiros, conversam com os funcionários da padaria ao lado do prédio. Como detetives do mercado imobiliário, os “house hunters” farejam imóveis disponíveis para aluguel. Esta nova modalidade profissional está começando a ganhar espaço em imobiliárias e administradoras de imóveis do Rio e de São Paulo.
O aquecimento do mercado, a dificuldade de achar imóveis para alugar e a competitividade entre as empresas está incentivando a segmentação da oferta desse serviço tão específico: ir atrás, até encontrar, o imóvel dos sonhos de seus clientes.
— É um trabalho superpersonalizado, com foco no cliente — diz Roseli Hernandes, diretora da tradicional Lello Imóveis, de São Paulo, que tem um departamento com 12 house hunters só para locação. — É um trabalho de formiguinha, de investigação. Para isso, treinamos a equipe constantemente.
Para estarem exatamente no tom, diz Roseli, eles devem ter curso de técnicas em transações imobiliárias, saber avaliar imóveis, conhecer muito bem a cidade e o mercado, além de ter ótima postura junto aos proprietários, para não assustá-los.
— Nós conseguimos captar imóveis basicamente de dois tipos diferentes de proprietários: os investidores, que compram para alugar, e as pessoas que possuem dois imóveis e estão na dúvida sobre o que fazer com o segundo — conta o house hunter Sérgio Saborido, acrescentando que grande parte dos “achados” estava vazia.
No Rio de Janeiro, a prática também ainda é novidade, mas já existem empresas oferecendo os serviços. Foi a competitividade do mercado que criou a necessidade de profissionais cada vez mais especializados, afirma o diretor do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci-RJ), Camilo Abicalil:
— As imobiliárias e administradoras precisam dar uma atenção especial ao cliente para mantê-lo. A especialização dos corretores é uma tendência de mercado.
Cidade do Rio tem apenas cerca de 2.300 imóveis para locação
Não é para menos. De acordo com pesquisa do Sindicato da Habitação (Secovi-Rio), referente ao ano de 2011, atualmente a cidade tem somente cerca de 2.300 imóveis disponíveis para aluguel, o que, considerando uma população de mais de 6,3 milhões de habitantes, é irrisório. É claro que muitos apartamentos para locação sequer chegam a ser anunciados. Mas, ainda assim, existe muito mais gente procurando apartamento para alugar que imóveis disponíveis para locação.
Só a administradora Renascença recebe cerca de 40 mil pedidos de aluguel por mês, no Rio — cem vezes mais que a quantidade de imóveis ofertados pela empresa.
— A demanda para locação no Brasil sempre foi muito grande, pela dificuldade de se comprar a casa própria. Mesmo com as recentes facilidades de financiamento, a procura é muito grande, e só faz crescer — analisa Edison Parente, diretor comercial da Renascença, que conta com 16 profissionais só para buscar apartamentos e casas que atendam a todos os requisitos dos clientes “preferenciais”.
É o caso do piloto Ricardo Miguel da Conceição. Recém-casado e já proprietário de um imóvel, no Recreio, ele procurava por um apartamento na Barra, para alugar, que se encaixasse em algumas exigências: fosse de frente para a praia, num andar alto, pegasse sol da manhã, fosse próximo ao quiosque do Pepê e fosse parcialmente mobiliado (ao menos com armários fixos e ar condicionado). Depois de tentar sozinho, por uns meses, sem sucesso, resolveu requisitar à administradora.
— Este imóvel atendeu à minha expectativa direitinho: a vista é maravilhosa e fico bem em frente à área de prática do kitesurfe — diz ele, que pagou o equivalente a um mês de aluguel pelo serviço. — Mantenho meu apartamento próprio alugado, eu e minha mulher preferimos morar neste aqui.