FONTE: O DIA Por MARTHA IMENES
Publicado às 16h44 de 07/07/2019 - Atualizado às 17h26 de 07/07/2019
Os desempregados enfrentam uma verdadeira via crucis em busca de uma oportunidade de trabalho: são filas intermináveis, exigências surreais, salários baixos, espertinhos que cobram para preenchimento de cadastro, mas na verdade não existe a vaga, e por aí vai. A situação no Rio é crítica: o desemprego atingiu 1,358 milhão de pessoas no primeiro trimestre deste ano, de acordo com dados do IBGE. O número bateu o recorde da série histórica, iniciada em 2012. A taxa de desemprego no estado foi de 15,3% no primeiro trimestre de 2019. Em todo país, o desemprego atinge 13,2 milhões de pessoas. As incertezas que rondam a economia brasileira impactam diretamente a vida de um contingente de 21,6 milhões de cidadãos que, pela fragilidade do mercado, estão desocupados ou desalentados. Ou seja, desistiram de procurar emprego.
Para dar uma mãozinha para quem está sentindo na pele os efeitos dessa situação, O DIA fará uma série de reportagens dando dicas para aumentar as chances de quem está em busca de uma vaga de trabalho. E desde já, toda equipe de O DIA deseja aos futuros candidatos boa sorte.
O desemprego no país, de 12,3%, é maior do que em qualquer momento da recessão que abalou o país entre 2015 e 2016 e fez a economia encolher mais de 7%. Um crescimento letárgico desde então - a economia se expandiu 1,1% em 2017 e 2018, e analistas apontando para um crescimento ainda mais lento este ano - desencoraja as empresas a aumentar sua folha de pagamento, apesar do governo de viés liberal empossado em janeiro.
Com a pouca ajuda formal disponível, muitos desempregados dependem do apoio da família ou aceitam empregos informais, apesar disto significar ganhar menos e abrir mão de benefícios, como seguro de saúde e INSS. E essa realidade faz parte do dia a dia de quem, apesar de qualificado, aceita emprego "de qualquer coisa" para levar o que comer pra casa e pagar alguma conta atrasada.
Esse é o caso de Thaysa dos Santos, que enfrentando fila em frente a uma agência de emprego no Rio de Janeiro, se diz disposta a aceitar qualquer oferta de emprego. Como os mais de 13 milhões de desempregados no país, ela não pode se dar ao luxo de ser exigente.
Hoje em dia é muito difícil", diz a jovem de 27 anos, auxiliar administrativa há três meses em busca de um emprego em tempo integral. "A gente não pode escolher segundo nosso currículo. Tem que pegar qualquer vaga", explica.
Pedro Nery, de 22 anos, tem Ensino Superior em Jornalismo incompleto. O último emprego com carteira assinada foi de professor de inglês em um curso de idiomas. "Dada a conjuntura, aceitaria outros empregos, mas depende muito. Preciso ter o mínimo de relação com a atividade exercida. Do contrário, não seria satisfatório nem para mim e nem para o empregador", relata.
Já Wanderson César, de 32 anos, está em busca de um trabalho permanente de segurança há mais de quatro anos. Ele se considera afortunado pela esposa trabalhar como recepcionista. Com o dinheiro que ganha fazendo bicos, o casal consegue sobreviver. "Sou homem, então preciso trabalhar para levar alimento para minha casa, preciso ajudar", conta César, enquanto espera para entrar na agência de empregos.
Mudar de área de atuação para sobreviver à crise
A alternativa para muitos que não conseguem emprego tem sido empreender ou se reinventar. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do instituto, dos 91,9 milhões de empregados entre janeiro e março, 25,9% trabalhavam de maneira independente. Na prática, significa que quase 24 milhões de brasileiros arregaçaram as mangas e tomaram a decisão de investir em alternativas fora do mercado formal para ter a própria renda e sobreviver em meio à crise.
Marcus Vinícius de Aragão, de 50 anos, tem o Ensino Médio completo. Era corretor de imóveis, mas em 2014 perdeu o emprego. "A bolha imobiliária promoveu o aumento dos preços dos imóveis, o que originou uma queda muito acentuada nas vendas. As imobiliárias pequenas não resistiram e começaram a fechar", conta. Desde então, está à procura de qualquer tipo de emprego. "O que aparecer, eu quero", diz.
No entanto, Marcus não está confiante e explica o porque: "O mercado de trabalho está parado. A construção civil está parada e as construtoras não fazem mais lançamentos. E mesmo com todos os investimentos que a Caixa tem feito, a nível de financiamento, a inadimplência é muito grande!". Para não ficar parado, ele ajuda a esposa Simone na venda de marmitas fitness.
Sem oportunidades, depressão pode aumentar
O desemprego crônico está piorando no país. O número de pessoas sem trabalho há mais de dois anos alcançou 3,3 milhões de pessoas no primeiro trimestre - um aumento de 42,4% em quatro anos, informou em pesquisa recente o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O desemprego prolongado pesa sobre quem procura emprego, explica Paulo Vasconcelos, coordenador do grupo de voluntários Comunidade Católica Gerando Vidas, que administra a agência de emprego. "Temos gente com um ano, um ano e meio, dois anos desempregada", diz Vasconcelos, reportando um aumento nos casos de depressão e desamparo entre aqueles que procuram trabalho.
"Este ano a gente começou a perceber que muitas pessoas que vêm procurar oportunidades de trabalho não têm nada em casa para comer", acrescenta.
Alguns meses atrás, Yanca Castro, de 22 anos, viajou milhares de quilômetros de Manaus para o Rio em busca de uma oportunidade, que ela ainda está procurando.
O número de pessoas que pararam de procurar trabalho no período de março a maio chegou a 4,9 milhões, batendo o recorde anterior de 4,8 milhões, segundo os últimos dados oficiais.
O crescimento estagnado dificulta a criação de emprego, disse recentemente à Agência France Presse o economista do Ipea José Ronaldo Souza, alertando que a taxa de desemprego "pode piorar".
"Com tantos desempregados, provavelmente o aumento do consumo vai permanecer baixo", diz William Jackson, do Capital Economics. "É difícil ver outros motores de crescimento na economia brasileira: o crescimento global está fraco, o que vai conter as exportações, e a política fiscal está cada vez mais restritiva", prossegue.
Não há solução fácil para um problema que Alex Agostini, da Austin Ratings, diz ser tanto estrutural quanto cíclico. A falta de investimento em educação e treinamento em um país com uma grande população jovem intensificou o desemprego. Apesar dos desafios, Thaysa diz que é otimista sobre o futuro. "Tem que ser", diz.
Trabalhador tem que se adequar ao mercado
"O grande ponto que precisa ser entendido é que o mercado de trabalho mudou e continuará mudando. Ter esta percepção é o ponto de partida para garantir sua vaga de trabalho. Assim, tudo aquilo que você sabe ou ouviu falar sobre recolocação precisa ser revisto", avalia Rogerio Martins, psicólogo, palestrante, escritor e professor universitário, especialista em desenvolvimento de lideranças e treinamento de comportamento assertivo.
MUDANÇA
Mude seus pensamentos e suas atitudes. Abra sua visão sobre emprego e desemprego. Não digo para desistir, mas repensar o que é realmente importante para você. O modelo tradicional de busca de emprego não é mais o mesmo. Os selecionadores não são mais os mesmos. Os processos seletivos não são mais os mesmos. A forma de trabalhar não é mais a mesma. Porém, aí está uma grande sacada...
PLANO B
Pesquise e desenvolva um plano B. Porém, sem deixar de continuar buscando um novo emprego. Para isso você terá que aprimorar sua capacidade empreendedora e que certamente será importante na hora que conquistar seu novo trabalho. Analise novas possibilidades, ocupe-se e isso deixará você mais tranquilo(a) para a procura de novas oportunidades formais.
FIQUE NA ATIVIDADE
A terceira dica é manter-se em constante atividade. Tem a ver com a dica anterior, mas também com a participação em palestras e eventos de networking. Há muitos eventos gratuitos, e os presenciais ajudam você na ampliação de seus contatos. Pesquise e participe!
APRIMORE SEU 'PITCH'
Você sabe o que é um pitch de apresentação? É aquela conversar rápida que você tem com alguém para se apresentar ou falar de seu negócio, por exemplo. Um bom pitch de apresentação leva em conta um resumo (resumo mesmo) de sua formação profissional e acadêmica, além de seu objetivo. Cada vez mais é necessário desenvolver uma apresentação pessoal rápida e focada. Saber se apresentar de forma direta e assertiva faz toda a diferença, pois muitas vezes alguma oportunidade está bem diante de você, mas quando não se é claro e objetivo pode afastar aquela chance de um emprego tão desejado.
EXPLORE AS REDES SOCIAIS
A quinta dica é explorar as redes sociais de forma adequada. Vejo muitas pessoas que não atualizam seus perfis ou mantém fotos e conteúdos inadequados. Sabemos que cada vez mais os empregadores estão de olho no que os candidatos publicam nas redes sociais. Seja uma imagem, opinião ou comentário corriqueiro, fique atento(a) ao que publica. O LinkedIn ainda é o mais indicado para novas oportunidades profissionais, mas no fim tudo está integrado.
NETWORKING
A sexta dica tem a ver com sua rede de amigos, parentes e professores. Já vi muitas pessoas apenas fazerem contato quando precisam, mas depois nem ligam mais. Ajude para ser ajudado(a). Esta é uma lei básica da natureza e o resultado é fantástico. Mantenha contato ativo com seus amigos, parentes e professores.
FOQUE NO IMPORTANTE
Por último, mantenha seu foco! Evite atirar para todos os lados. Cuidado com o desespero! Lembre-se que seu emprego é procurar emprego. Estabeleça metas, horários, rotinas. Faça um levantamento do mercado. Estude o mercado. Analise seus pontos fortes e como pode oferecer isso para as empresas. Lembre-se que o mercado está diferente, imprevisível... portanto, sua dedicação e força de vontade tem que ser ampliados.
NÃO DESANIME
Haverá momentos de desânimo e frustração, mas procure reverter tudo isso em aprendizado. Pense sobre o que te aproxima e o que te afasta de seus objetivos. Está perdendo tempo com mensagens inúteis no WhatsApp? Saia dos grupos ou dedique-se à eles apenas em algum momento do dia. Lembre-se #focanoimportante.
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