Diante de um cenário de desemprego em alta, saída para 24 milhões de brasileiros foi buscar alternativas para sobreviver
Fonte: O DIA Por MARTHA IMENES Publicado às 06h00 de 16/06/2019
Rio - Empreender tem sido o caminho que jovens e adultos encontraram para driblar o desemprego, que atinge 13,2 milhões de pessoas, ou até mesmo para se reinventar como profissional. As incertezas que rondam a economia brasileira impactam diretamente a vida de um contingente de 21,6 milhões de cidadãos que, pela fragilidade do mercado, estão desocupados ou desalentados.
Sobreviver a essa realidade virou um desafio, e para muitos, a criatividade é a única saída.
No rastro deste cenário, a taxa de quem decidiu trabalhar por conta própria no primeiro trimestre deste ano atingiu um dos maiores índices dos últimos quatro anos, segundo o IBGE. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do instituto, dos 91,9 milhões de empregados entre janeiro e março, 25,9% trabalhavam de maneira independente.
Na prática, significa que quase 24 milhões de brasileiros arregaçaram as mangas e tomaram a decisão de investir em alternativas fora do mercado formal para ter a própria renda e sobreviver em meio à crise.
E foi diante desse quadro, de desemprego e reinvenção, que Ana Lima de apenas 24 anos, moradora do Andaraí, resolveu apostar nas suas habilidades e criou o Bufê da Preta. Recepcionista bilíngue, Ana ficou desempregada logo após o término dos Jogos Olímpicos, em 2016.
Ela conta ao DIA que para garantir uma grana que permitisse pagar contas e sobreviver, resolveu fazer bolo e sanduíche natural para vender na praia, no BRT, e até nos comércios da região da Praça Seca, na Zona Oeste. "Era cansativo carregar bolsa e mala pelas ruas, mas não tinha outro jeito", diz.
A jovem então decidiu participar de feiras afro. Mas de onde tirar dinheiro para pagar a participação? Ana procurou a Odarah Cultura e Missão, projeto de fomento e valorização da atuação de afro empreendedores no mercado da moda, arte, educação e cultura. Em forma de "escambo", Ana forneceu o lanche (coffee break) e conseguiu o espaço para mostrar seus dotes culinários. Esse foi mais um degrau do Bufê da Preta.
"Saí da informalidade, tenho nota fiscal, registro (CNPJ), tudo certinho", conta Ana. "Hoje em dia atendo empresas e participo de eventos", comemora a empreendedora, que tem uma página no Instagram com seus quitutes e aceita encomendas.
E como se esse desafio fosse pouco, Ana tem uma empresa que cuida de limpeza e organização, a Agbari.
Quer conhecer o trabalho dela? Acesse os perfis no Instagram e Facebook: www.instagram.com/bufedapreta e www.instagram.com/agbaritransforma.
Mãe e filho, juntos, em novo desafio
Família que empreende unida, permanece unida. Esse é o lema de Danielle Jesus, 37 anos, e Marcos Felipe Conceição, 21, moradores de Madureira. Ela, após 18 anos fazendo o trajeto Brasil-Turquia, com o evento Rio Copacabana Show — ela foi uma das idealizadoras e organizadoras —, decidiu dedicar mais tempo à família no Brasil.
"Ficava seis meses na Turquia, onde tenho uma parte da família, e depois voltava para o Brasil para recrutar artistas e montar o show que leva nossa cultura para o exterior. Apesar de prazeroso, ficava esgotada", diz Danny, como é conhecida. De volta ao país, como fazer diante de um cenário de desemprego desalentador e com poucas oportunidades? Reinventar!
Ela começou a fazer cursos e mais cursos de maquiagem artística e hoje atende em sua casa vai à residência das clientes. "A arte é a minha vida, amo fazer as pessoas felizes e a maquiagem faz isso: eleva a auto-estima", conta a maquiadora, que tem uma página no Facebook (www.facebook.com/daniellejesusmakeup) e por lá faz seus contatos.
Seguindo os passos da mãe, Marcos Felipe gosta de criar e a demissão de um emprego fez com que jovem resolvesse apostar nas suas habilidades gráficas. Com a grana da rescisão e umas economias, o jovem comprou duas prensas térmicas, máquina de transfer, guilhotina, e montou um computador com tudo que há de moderno para trabalhar com imagem.
Pronto! Criada a MF Soluções Gráficas, que faz de tudo: de impressão de copos, azulejos, carteiras, a blusas, flyers e folders.
"Faço de tudo um pouco, não dá para ficar parado. Corro atrás, busco formação e diferencial", diz o rapaz, que, assim como a mãe, faz negócios pela web. Só que no Instagram (@mfsolucoesgraficas).
CONVERSA RÁPIDA
Sergio Dias: 'Planejamento e controle são imprescindíveis'
Para prestar serviços, é necessário abrir uma empresa?
O ideal é que o negócio seja formalizado e para isso existem soluções eficazes e simples. Mas essa decisão cabe ao empreendedor, que pode ser cadastrar como MEI (Microempreendedor Individual) para que o negócio seja formalizado e ele possa usufruir dos benefícios de ter um CNPJ, emitir Nota Fiscal, ter uma conta e crédito bancário, além de poder contratar até um empregado. Ao abrir sua empresa como MEI, ele terá cidadania empresarial, como CNPJ, direitos e benefícios. O cadastramento pode ser feito pela internet, diretamente no Portal do MEI e não é preciso pagar nada para fazer a inscrição.
Quais são os impostos a pagar?
O microempreendedor individual terá como imposto apenas o pagamento mensal do Simples Nacional. Esse imposto é único e de valor fixo, independentemente do faturamento. O valor mensal a ser pago varia, conforme o tipo de atividade do negócio. Para comércio é de R$ 49,90; para indústria é de R$ 50,90; para serviços é de R$ 54,90 e para comércio e serviços (juntos) é de R$ 55,90.
O que observar para não 'naufragar' logo depois de abrir um negócio?
Ter sucesso no negócio só ocorre quando a empresa planeja e controla suas atividades, comparando o que foi realizado com o planejamento e fazendo os ajustes necessários. Sem planejamento, a probabilidade de dar certo é muito pequena e o naufrágio da empresa fica mais eminente.
Quais as dicas antes de abrir um negócio?
O planejamento é uma importante tarefa de gestão e administração, que tem relação direta com a busca por um determinado objetivo. É essencial na tomada de decisão e na execução de ações para atingir o objetivo que se pretende. Posteriormente, também serve para a confirmação do acerto das decisões tomadas. Isso se chama 'feedback'.
Um empreendedor que usa o planejamento como uma ferramenta no seu trabalho demonstra um interesse em prever e organizar ações e processos que vão acontecer no futuro, aumentando a sua racionalidade e eficácia.
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