Para se resguardar, faça fotos e um documento com a descrição de todos os ambientes
FONTE: O GLOBO POR RAPHAELA RIBAS 04/06/2018 8:00 / atualizado 04/06/2018 12:50
De fora, perfeita. Mas por dentro há vários itens a serem observados antes de fechar negócio. -
Veja se as paredes têm manchas, ondulações, rachaduras e, principalmente, infiltrações, e se o piso está bem colocado, sem peças soltas ou trincadas. O mesmo se aplica ao rejunte e ao rodapé. E não esqueça das cerâmicas: confira se estão tortas ou quebradas e se estão de acordo com a qualidade e modelo do memorial descritivo.
No caso da compra de imóveis novos, a própria construtora costuma agendar a vistoria. Por mais corriqueiro que pareça, a orientação é de reservar, ao menos, duas horas e ir sem as crianças — afinal, este é momento que exige foco e atenção.
Também leve alguns itens, como trena, máquina fotográfica (ou celular), galão de água e o memorial descritivo, que vai ajudar a conferir o que está sendo entregue, inclusive se o tipo de material condiz com o que foi vendido.
— Leve um recipiente plástico, como uma garrafa ou balde, encha-os de água e jogue perto dos ralos, inclusive do box. Assim você conseguirá ver se eles não estão obstruídos e se a água escorre corretamente. Não pode empoçar — orienta a designer de interiores Tássia Pereira, do escritório TT Interiores.
Ela acrescenta que também é importante verificar o fluxo da água nas torneiras. Para isso, abra bem todas elas e o chuveiro, e deixe a água escorrer por um minuto. Nos banheiros, dê a descarga em todas os vasos para verificar se a água está descendo com facilidade.
— Os adquirentes de imóveis novos devem ficar atentos aos itens de acabamento e ter em mãos o memorial descritivo, que é um contrato que todos os imóveis comercializados na planta têm. Nele estão todos os itens de acabamento que serão utilizados, inclusive marca, cor e modelo. A dica é tê-lo em mãos na hora de fazer a vistoria — explica André Barros, diretor da Morar Mais Imobiliária.
Segundo Barros, historicamenteos itens que costumam dar mais problemas são desnível no piso, piso trincado ou arranhado e manchas na pintura, que não demandam muito tempo para ajustes e entrega.
Além da parte hidráulica, verifique a planta e a qualidade da pintura no telhado e na parede para ver se há infiltrações. Avalie, ainda, se o rodapé e os azulejos estão bem instalados e sem rachaduras ou manchas, assim como se portas, janelas e trincos abrem e fecham corretamente.
Dê uma boa olhada também em espelhos, tomada e interruptores. Se algo estiver quebrado, fale na hora. Se algum problema aparecer só depois, pode ser configurado como vício oculto.
DIREITOS DE REFORMA
— Isto quer dizer que vícios construtivos como problemas elétricos, hidráulicos e até piso estufado entram nessa garantia, bastando apenas que o proprietário entre em contato com a construtora para fazer o reparo. Em alguns casos, a construtora deixa um funcionário no local para fazer esses pequenos reparos.
Em geral, depois da vistoria com um representante da construtora, a empresa faz as reformas necessárias e as chaves são entregues. Se este tempo for longo ou aparecer alguma problema, o morador pode pedir uma segunda vistoria.
Foi o que aconteceu com o engenheiro civil Gabriel Penna, que fez quatro vistorias no apartamento que comprou no Recreio — e, ainda assim, a unidade foi entregue com problemas.
— Eu assinei a vistoria com ressalvas que eles ainda vão solucionar, mas precisava me mudar logo. Desde desde dezembro estou tentando — diz o engenheiro que se muda nestes dias.
Ele conta que na primeira vistoria listou 25 problemas, entre eles a esquadria que não fechava corretamente, a parede trincada e o piso manchado, que teve que ser todo refeito.
— Não foi fácil resolver, pois era um imóvel de estoque. Então, depois de um ano pronto, já apresentava os defeitos. Só que na primeira reforma eles focaram apenas no piso. Na segunda, os problemas menores continuaram.
Para ele, além de todo tempo de espera e contratempos, o pior ainda foi o descaso da empresa, que deveria ser a mais preocupada em solucionar tudo e entregar um imóvel de qualidade pelo o qual ele pagou.
— Na hora de comprar, você dá uma olhada geral. Só depois na vistoria que percebe estas falhas. Você relaxa porque sabe que, mesmo se tiver algum problema, a construtora vai ter que te entregar tudo certo depois. É um produto caro e diferenciado, mas o atendimento foi ruim — relata Penna.
VISTORIA NO ALUGUEL É BOM PARA OS DOIS LADOS
Quando o imóvel é usado, também vale fazer a vistoria — tanto para compra quanto para aluguel. Mas ela é um pouco diferente.
Segundo Rubem Vasconcelos, presidente da Patrimóvel, o ideal é documentar a vistoria. Para isso, anote o estado em que tudo se encontra. E faça fotos , por exemplo, de algo quebrado, ou alguma rachadura. Depois, os dois assinam o documento, que deve ser anexado ao contrato.
— No caso de imóveis usados, combina-se o que vai ficar e sair. Se for uma locação, este procedimento respalda os dois lados e facilita na hora da entrega. Por exemplo, se quebrar uma parede, tem que devolver como estava no dia da vistoria — explica Vasconcelos.
A advogada Bianca Cukier esclarece que problemas posteriores à locação e que sejam referentes às partes internas do imóvel, como o encanamento, são todos de responsabilidade do proprietário ou do locador.
— No caso de compra, o vendedor será responsabilizado por tudo aquilo que for considerado vício oculto — diz.
A medida nestes casos é notificar o proprietário,vendedor ou locador sobre o problema apresentado. Se não houver acordo, é preciso entrar com a rescisão do contrato e um pedido de perdas e danos.
— Tanto na locação quanto na venda é interessante a vistoria nas áreas comuns. Nos imóveis usados, também é indispensável vistoriar as áreas comuns
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