Fonte: Agência O Globo
SÃO PAULO - Maior expectativa em relação ao crescimento da economia e a aposta de que as reformas podem sair do papel fizeram o Ibovespa bater seu recorde histórico nesta segunda-feira. O índice de ações, o principal da B3 (ex-BM&FBovespa), fechou em alta de 1,69%, aos 74.319 pontos, o maior valor de fechamento desde a criação do indicador, em 1968. Já o dólar comercial fechou em alta de 0,32% ante o real, cotado a R$ 3,105.
Luis Gustavo Pereira, estrategista da Guide Investimentos, afirmou que há uma consolidação do otimismo entre os investidores locais, o que ajuda o índice a ganhar força após a divulgação de indicadores econômicos que indicam uma retomada da atividade e um melhor cenário politico.
— Os acontecimentos da última semana (a omissão de informações na delação dos executivos da JBS) foram interpretados pelo mercado como um fortalecimento do governo, o que de certa forma fortalece o andamento das reformas econômicas — disse.
O recorde anterior do Ibovespa era do dia 20 de maio de 2008, quando fechou aos 73.516 pontos. Hoje também foi batido o recorde de pontuação no “intraday”, que é o quanto o índice atinge durante o horário de negociação. Na máxima, chegou aos 74.635 pontos, acima dos 73.920 pontos do recorde anterior, em 29 de maio de 2008, poucas semanas após o Brasil receber o seu primeiro “selo” de grau de investimento. Agora, o Brasil não faz mais parte do grupo de países grau de investimento, mas a alta foi estimulada pela revisão para cima das projeções do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), segundo o último boletim Focus, do Banco Central. “Resultados mais fortes de PIB, produção industrial e atividade ajudaram a animar as estimativas”, explicaram os analistas da Yield Capital.
Na esfera política, a prisão do empresário Joesley Batista reduziu as chances de uma nova denúncia contra o presidente Michel Temer. Na visão de investidores, isso dá a ele maior governabilidade para tentar aprovar as reformas econômicas, incluindo a da previdência. “Os mercados que já haviam relegado uma segunda denúncia a segundo plano e esperam que o episódio seja resolvido o mais breve possível para permitir ao governo avançar na agenda das reformas. Nesse contexto, tudo indica que os ativos continuarão reagindo positivamente aos fatos, que nesse momento são positivos para o Planalto”, avaliou, em relatório, Ricardo Gomes da Silva, superintendente da Correparti Corretora de Câmbio.
Em meio a esse cenário, o Ibovespa ganhou força com a valorização dos papéis da Petrobras. Os preferenciais (PNs, sem direito a voto) subiram 1,90%, cotados a R$ 14,99, e os ordinários (ONs, com direito a voto) tiveram alta de 2,17%, a R$ 15,52.
No caso da Vale, a alta foi de 1% nas ações PNs e de 1,76% nas ONs. Os bancos, de maior peso na composição do Ibovespa, também subiram com força. As preferenciais do Itaú Unibanco e do Bradesco avançaram, respectivamente, 1,68% e 3,85%.
Na outra ponta, as ações da JBS terminaram o pregão em queda de 0,73%, cotadas a R$ 8,13. Nesta manhã, a processadora de carne de frango americana Pilgrim’s Pride informou que comprou a Moy Park por US$ 1,3 bilhão. Ambas as empresas são controladas por subsidiárias da JBS.
A continuidade do movimento de valorização do Ibovespa irá depender, segundo analistas, de novos fatos positivos para a economia, como a aprovação de reformas que ajudem no ajuste fiscal ou de um cenário político eleitoral que seja mais favorável ao mercado financeiro, ou seja, candidatos que sejam favoráveis a privatizações, controle de gastos públicos e menor intervenção do estado na economia.
— O Ibovespa tirou o atraso e chegou a um novo recorde, mas agora vai precisar de novas informações para continuar esse movimento de alta. Se sair a Reforma da Previdência ou se houver o entendimento de que há candidatos pró mercado com chances reais para 2018, o índice tem chances de ir bem mais para cima — avaliou Fernando Araújo, gestor da FCL Capital.
Também deu força a esse movimento o maior apetite ao risco global, com os principais indicadores do mercado acionário operaram em alta. O Dow Jones fechou em alta de 1,19% e o S&P 500 subiu 1,08%, chegando aos 2488 pontos, atingindo novo patamar recorde. Já na Europa, o DAX 30, de Frankfurt, subiu 1,39%, e o CAC 40, da Bolsa de Paris, teve alta de 1,24%. No caso do FTSE 100, de Londres, o índice tem variação positiva de 0,49%.
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