FONTE: O GLOBO POR MARCELLO CORRÊA
04/07/2017 9:01 / atualizado 04/07/2017 10:23
RIO - A produção industrial brasileira cresceu 0,8% em maio, na comparação com o mês anterior, segundo dados divulgados nesta terça-feira pelo IBGE. Frente a maio de 2016, o resultado foi uma alta de 4%. No ano, o setor acumula expansão de 0,5%.
Considerando apenas os meses de maio, a alta de 0,8% frente a abril é a melhor desde 2011, quando a alta foi de 2,7%. Já na comparação interanual, também considerando só os resultados de maio, a alta de 4% é a maior desde 2010, quando o crescimento foi de 14,3%. A alta foi puxada pelo desempenho positivo de 18 dos 26 ramos acompanhados pelo IBGE.
O resultado de maio frente a abril foi influenciado pelo crescimento de 17 dos 24 ramos pesquisados pelo IBGE. O destaque ficou por conta da produção de veículos automotores, que avançou 9%, puxada pela maior fabricação de automóveis e caminhões. Foi o melhor resultado para o segmento desde dezembro de 2016, quando a alta registrada foi de 10,4%. Em abril, o setor de automóveis já havia registrado alta de 3,6%, na comparação com março.
Para o gerente da coordenação de indústria do IBGE, André Macedo, os dados de maio mostram uma melhora de ritmo, principalmente considerando a disseminação de resultados. O número de segmentos em alta é o maior desde julho de 2014, quando 19 dos 24 ramos pesquisados haviam registrado crescimento frente ao mês imediatamente anterior. No entanto, ainda é cedo para falar em uma recuperação consolidada.
— É claro que é uma melhora de ritmo. Mas é preciso relativizar esse crescimento em função da queda mais importante do mês de março e das perdas acentuadas que o setor teve no passado. E, quando a gente observa o patamar de produção, o setor ainda está em fevereiro de 2009. Em termo de distanciamento do seu ponto mais elevado na série histórica, em junho de 2013, a distância ainda é de 18,5% — avalia Macedo.
O técnico destaca ainda que, com o sobe e desce nos primeiros cinco meses do ano, o setor está apenas 0,3% acima do patamar de dezembro passado. Ou seja, está praticamente estagnado em relação ao fim do ano.
Segundo o instituto, 59% dos 805 produtos pesquisados tiveram crescimento de produção. Assim como no cálculo mensal, a maior influência foi do segmento de veículos automotores, com alta de 27,9%. Os outros destaques positivos foram equipamentos de informática (25,9%), máquinas e equipamentos (8,9%) e indústria extrativa (2,8%). Pesaram para baixo os segmentos de derivados de petróleo (-4,1%) e materiais elétricos (-7%).
Em relação às grandes categorias econômicas, o destaque na comparação interanual ficou por conta do segmento de bens de consumo duráveis, com alta de 20,7%. O setor de bens de capital cresceu 7,6%, enqanto o de bens intermediários avançou 2,9% e o de bens semi a não duráveis, 1,4%.
O dado veio acima das expectativas. A estimativa do mercado era de alta de 0,6%, na comparação com abril, e de avanço de 2,9% frente a maio do ano passado, de acordo com levantamento da Bloomberg com 36 analistas. As projeções variavam de queda de 0,7% a alta de 1%.
Com as duas altas consecutivas - em abril e em maio - a indústria acumula avanço de 1,9% nesses dois meses e, assim, elimina a queda de 1,6% registrada na passagem entre fevereiro e março. Mas, no acumulado em 12 meses, o setor ainda registra resultado negativo: queda de 2,4%.
Em maio frente a abril também contribuíram para o crescimento da indústria em maio as altas registradas em produtos alimentícios (2,7%) e perfumaria (4%). O resultado seria melhor não fossem as influências negativas de setores como derivados de petróleo (-2,2%) e produtos farmacêuticos (-7,6%), alguns dos destaques negativos do mês.
Considerando as chamadas grandes categorias econômicas — que englobam segmentos da indústria de acordo com o tipo de atividade —, o melhor resultado ficou por conta dos bens de consumo duráveis, como eletrodomésticos, que registraram alta de 6,7%. Os bens de capital, que englobam a fabricação de máquinas e equipamentos e indicam o nível de investimento no país, cresceram 3,5%.
Já o segmento de bens de consumo semi e não-duráveis, que inclui a fabricação de alimentos, por exemplo, registrou alta de 0,7%. A categoria dos bens intermediários, maior peso da indústria, teve alta tímida de 0,3%, a segunda consecutiva. Nos últimos dois meses, acumula ganho de 2,3%.
O IBGE revisou para cima o resultado de abril, para alta de 1,1%, em relação a março. Antes, a estimativa era de crescimento naquele mês era de 0,6%.
O setor já acumula três anos consecutivos de queda. No entanto, deve apresentar leve alta este ano. De acordo com as estimativas do último Boletim Focus do Banco Central, divulgado segunda-feira, a indústria deve crescer 0,66% este ano.
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