Mercado de trabalho formal gera mais vagas que demissões em abril indicando o fim da Recessão
Publicado em 16/05/2017
FONTE: O GLOBO POR GERALDA DOCA 16/05/2017 10:27 / atualizado 16/05/2017 13:01
BRASÍLIA - O mercado formal de trabalho voltou a contratar em abril e registrou no mês saldo líquido (admissões menos demissões) positivo de 59.856 postos. No mesmo período do ano passado, o resultado foi negativo com 62.844 contratações. Esse foi o segundo mês de geração de empregos em 2017. Em fevereiro foram abertas 35.612 vagas, mas em março houve queda. A abertura de vagas em fevereiro foi a primeira depois de 22 meses sem novos postos de trabalho.
O resultado do mercado de trabalho formal em abril é mais um sinal do início da recuperação da economia brasileira. Nesta segunda-feira, o Banco Central divulgou que o país cresceu 1,12% no primeiro trimestre deste ano, segundo o IBC-Br, índice criado pelo BC para ser uma referência do comportamento da atividade econômica e que funciona como uma espécie de prévia do PIB. Ao mesmo tempo, o mercado já espera que a inflação oficial brasileira encerre 2017 abaixo dos 4%. Já a inflação medida pelo IGP-10 — Índice Geral de Preços-10 (IGP-10) — registrou em maio deflação de 1,10%, a leitura mais fraca da série iniciada em 1993, após deflação de 0,76%em abril, com forte queda nos preços no atacado.
A combinação da reação da economia e da inflação baixa já faz o mercado esperar cortes maiores da taxa de juros, que ajudam no movimento visto nos últimos dias de queda de dólar. Com a escalada de otimismo dos últimos dias, o risco-país medido pelo credit default swap (CDS, espécie de seguro contra calote) caiu abaixo dos 200 pontos nesta segunda-feira, o que não acontecia desde janeiro de 2015.
Com o desempenho de abril, o número de desligamentos no primeiro quadrimestre de 2017 baixou para 933 postos — o que representa praticamente uma estabilidade no estoque de empregos existente em dezembro, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho.
Com exceção da construção civil, que registrou saldo negativo de 1.760 postos, todos os setores importantes da economia contrataram em abril, com destaque para serviços, que respondeu por 24.712 empregos. Na avaliação do Ministério, este resultado mostra uma reversão do desemprego no segmento, que havia registrado saldo negativo de 9.937 em abril do ano passado.
O nível do emprego também subiu na agricultura, que abriu 14.648 vagas em abril. Também registram saldos positivos a indústria de transformação, com 13.689 empregos e o comércio, com 5.327 postos. Estes dois últimos tinham registrados resultados negativos no mesmo período do ano passado.
Os três estados que mais contrataram em abril foram São Paulo (30.227); Minas Gerais (14.818) e Bahia (7.192). Novamente, o Rio registrou saldo negativo de 2.554 postos, devido principalmente às atividades relacionadas a serviços.
O ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, disse que o mercado formal de trabalho começa a deixar para trás os resultados negativos e que a expectativa é que o país volte a gerar empregos em maio. Segundo o ministro, outros indicadores econômicos, como a prévia do Produto Interno Bruto - PIB no primeiro trimestre, divulgado ontem pelo Banco Central, apontam nessa direção.
- Em 2015, o país perdeu 1,5 milhão de empregos; em 2016, mais 1,3 milhão. Então há o que comemorar - disse o ministro, acrescentando que sete dos oito setores relevantes da economia registram saldos positivos em abril.