O BRASIL VOLTARÁ A CRESCER, MAS EMPRESAS TÊM DE MUDAR
Publicado em 27/04/2017
FONTE: IBMEC
O Brasil viverá o fim da recessão em 2017, sentenciou o economista Octavio de Barros, diretor do Instituto República e professor do Ibmec-SP, durante a inauguração da sede paulistana da escola de negócios, no dia 22 de março, em um evento batizado de Pulso [IM]Pulso. “Já temos evidências substanciosas de que a economia está saindo do seu pior momento. Contudo, o fôlego e a amplitude da recuperação são incertos”, falou à plateia composta por empresários, CEOs e diretores de RH.
No front externo, os mercados estão relativamente otimistas com o cenário Trump, ao menos no curto prazo. “A economia mundial vai dar uma recuperada em 2017, mas no médio prazo ainda há muitas dúvidas. Estamos longe de uma retomada exuberante”, alertou. Barros também lembrou que o mundo deve enfrentar em breve um período de protecionismo, xenofobia, e daquilo que alguns estão chamando de “desglobalização”.
Neste momento, contudo, o economista garante o cenário do exterior é favorável para o País. “O Brasil se autoflagelou porque quis, criamos uma crise só nossa”, disse. Para que o cenário positivo se consolide em melhoras duradouras são necessárias várias reformas, afirmou ele. “Ficará na história aquele que conseguir acabar com o ICMS. É fundamental criar um imposto sobre valor agregado com alíquota interestadual relativamente pequena, combatendo a guerra fiscal”, citou, entre as mudanças que defende.
Depois de Barros, foi a vez de Carlos Alberto Sardenberg, comentarista econômico e membro do conselho de professores do Ibmec/SP, falar ao público sobre os aspectos políticos que julga terem causado a crise atual. “O Brasil surfou na alta das exportações de commodities; o problema foi como usamos a riqueza. Nós torramos tudo”, afirmou, citando obras desnecessárias na Petrobras e gestão ineficiente nas estatais de forma geral.
Embora bastante crítica, a palestra de Sardenberg terminou de forma otimista. “A má notícia é que nós fizemos as coisas certas, desmontamos, e agora temos que fazer de novo. A boa é que, se fizermos uma vez, dá para fazer outras”, concluiu Sardenberg.
PAPEL DOS EXECUTIVOS
Há fatores externos e decisões políticas que fogem ao controle das empresas, mas há muito trabalho a ser feito também internamente para se manter relevante no mercado e conseguir crescer. “Não esqueçam nunca que atrás de cada gráfico, cada número, cada estatística tem a história de um brasileiro que tem sonhos, medos, perspectivas, metas”, disse o publicitário Renato Meirelles, presidente do instituto de pesquisas Locomotiva e membro do conselho de professores do Ibmec.
As mudanças trazidas pela estabilidade econômica tiveram um impacto gigantesco no consumo, ressaltou Meirelles. “As mudanças foram protagonizadas pelas mulheres, que tiveram sua massa de renda crescendo muito mais do que a dos homens, e pelos negros, que foram 8 de cada 10 pessoas que entraram para a tal da nova classe média”.
Meirelles citou muitos números, mas sempre para mostrar como eles se refletem em novos comportamentos. Em 10 anos, o Brasil ganhou 53 milhões de internautas e 10 milhões de estudantes universitários a mais; hoje, metade da classe A e B é a primeira geração de pessoas com dinheiro na família. “O mercado usa as lentes do século 20 para tentar entender o consumidor do 21?, constatou. “Não tem saída: ou a diversidade é sua estratégia, ou você está fora do jogo. Hoje o que atrapalha o lucro das empresas é o preconceito.”
Para completar o time de palestrantes da noite, o apresentador Marcelo Tas mostrou como a internet ainda tem muita potencialidade inexplorada. “A publicação vale ouro. E hoje todas as coisas estão na mesma rede, a gente consegue ler qualquer coisa lá. Com criatividade, isso pode ser sensacional”, afirmou.