FONTE: O GLOBO POR JÚLIA COPLE 15/06/2016
RIO - A recessão tem deixado os preços de locação de imóveis cada vez mais baixos. Segundo o Índice FipeZap divulgado nesta quarta-feira, o valor médio de aluguéis recuou para R$ 30,69 em maio, tombo de 0,52% em relação a abril, sem contar a inflação. A queda é a maior desde o início da série histórica, em 2009. Entre abril e março, o recuo havia sido de 0,22%. No acumulado em 12 meses, a retração é de 5,12%, também a mais intensa desde que os números começaram a ser registrados. Já no acumulado do ano, a queda é de 1,02%.
Ao considerar a inflação oficial no período — o IPCA sobe 9,32% em 12 meses até maio — a queda é ainda mais forte, de 13,21% entre maio deste ano e igual mês do ano passado. O índice considera apenas novos aluguéis. Contratos vigentes, normalmente ajustados pelo IGP-M, não entram no cálculo.
De acordo com o levantamento, os preços em dez das 11 cidades monitoradas tiveram queda nominal em maio, frente a abril. A exceção foi Santos, onde os valores ficarem praticamente estáveis (0,01%), mas, ainda assim, abaixo da inflação de 0,78% do mês passado. O recuo mais intenso, de 1,29%, foi registrado em Campinas. O segundo do ranking foi o Rio, com retração de 1,07%. Em São Paulo, a queda foi de 0,24%.
Embora esteja entre as cidades com queda mais intensa de preços, o Rio ainda tem o metro quadrado mais caro do país. Em maio, o valor estava em R$ 36,65. O aluguel mais barato é o de Curitiba, R$ 16,89 por metro quadrado.
CONSUMIDOR TEM PODER DE BARGANHA
Segundo o economista da Fipe Bruno Oliva, os números estão relacionados a um aumento da oferta de imóveis para aluguel no país, resultado da grave recessão de dois anos da economia brasileira. Com isso, tanto a oferta quanto a demanda por locação são afetadas, interferindo nos preços.
— Tem o movimento de diminuição da demanda por causa do mercado de trabalho e a gente vê um aumento da oferta justamente porque (os proprietários) querem vender e não conseguem, e acabam alugando. Dois movimentos que vão na direção de reduzir os preços — analisa Oliva.
Para o especialista, a tendência é que o mercado continue a esfriar nos próximos meses. E, com isso, o consumidor deve ficar atento para aproveitar oportunidades de negociar preço.
— O poder de barganha saiu das mãos de quem vende, passou para as mãos do consumidor. As dicas são pesquisar bastante, fazer oferta, contra-proposta agressiva, aproveitando essa situação de quem quer vender ou ser locatário — orienta.
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