FONTE: O GLOBO POR DAIANE COSTA 14/06/2016 9:02
RIO - As vendas do comércio cresceram 0,5% em abril, segundo dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgados nesta terça-feira pelo IBGE. Essa é a maior variação para o mês nessa comparação desde 2013, quando a taxa ficou em 0,7%.Frente a abril de 2015, no entanto, o dado segue negativo e atingiu um recorde para a série, iniciada em 2001: o volume de vendas caiu 6,7% - a maior queda já registrada nessa comparação. Foi a 13ª vez seguida em que houve variação negativa na comparação anual.
Na avaliação de Fabio Bentes, economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC), a combinação de taxas apresentadas no mês de abril, nas diferentes comparações, mostra que o pior já passou para o comércio, pois o ritmo de queda das vendas parou de acentuar.
- O varejo começa a intercalar altas e quedas mensais e o ritmo de queda nos acumulados e na comparação ano está diminuindo, o que dá ideia de certa estabilidade da crise no varejo. O pior período para o comércio ficou para trás - ressalta o economista.
Isabella Nunes, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE, observa que essa estabilização da queda nas vendas fica mais evidente quando se observam as taxas quadrimestrais. O recuo, de 6,9% no acumulado dos primeiros quatro meses de 2016, ocorreu na mesma intensidade, praticamente, da queda registrada no último quadrimestre de 2015, que ficou em -6,8%.
- A queda no volume de vendas foi se intensificando ao longo de 2015, tendo um pico nos últimos quatro meses do ano e se estabilizou no primeiro quadrimestre de 2016. Isso vale, também, para a maior parte das atividades, que ou estabilizaram a queda ou até melhoraram um pouco (como combustíveis e lubrificantes, móveis e eletrodomésticos e artigos farmacêuticos e perfumaria) - explica Isabella.
A atividade outros artigos e uso pessoal, no entanto, que engloba as vendas nas lojas de departamentos e no comércio eletrônico, acentuou sua queda na passagem de quadrimestre. Ficou em -12,2% nos primeiros quatro meses de 2016, frente aos -7,4% registrados no último quadrimestre de 2015.
- É uma atividade muito dependente de crédito e juros. E o crédito continua escasso e os juros altos - analisa a gerente do IBGE.
A receita nominal do varejo cresceu 1,2% na passagem de março para abril. Já na comparação com abril de 2015, cresceu 5,2%. No ano, acumula alta de 4,8% e, em 12 meses, de 3,2%.
Na passagem do mês, três atividades têm alta nas vendas
A reversão de sinal do comércio varejista na passagem de março para abril, de -0,9% para 0,5%, foi acompanhada por três das oito atividades pesquisadas. O resultado positivo foi influenciado, principalmente, pelos setores que também passaram de uma variação negativa para uma alta das vendas em abril: hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (passou de -1,4% em março para 1% em abril), outros artigos de uso pessoal e doméstico (de -1,9% para 2,8%) e tecidos, vestuário e calçados (de -4,7% para 3,7%).
As vendas no setor de combustíveis e lubrificantes saiu de -1,2% para 0%. Seguem em queda os grupos de equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-4,9%), livros, jornais, revistas e papelaria (-3,4%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-2,9%) e móveis e eletrodomésticos (-1,8%).
Segundo Bentes, os resultados são reflexo de uma redução no comportamento dos preços, como vem mostrando a inflação oficial medida pelo IBGE. Nos cinco primeiros meses do ano, a taxa acumula 4,05% — abaixo dos 5,34% registrados em igual período de 2015.
- O dado mais importante, que explica esse freio no recuo no volume de vendas do varejo é a alta de 1% registrada pela atividade de hipermercados. É o setor que tem mais peso na taxa geral, pois corresponde a 30% das vendas do varejo, é o maior empregador e o que tem o maior número de postos de vendas - ressalta Fabio.
Segundo Fabio, a alta de 3,7% registrada em vestuário também ajudou a melhorar o desempenho do mês de abril e também reflete uma melhora nos preços.
O comércio varejista ampliado (varejo e mais as atividades de veículos, motos, partes e peças e de material de construção), manteve variação negativa para o volume de vendas entre março e abril de 2016 (-1,4%), influenciado negativamente pelo desempenho de veículos e motos, partes e peças, com recuo de 6,6%, e material de construção, com decréscimo de 4%. Nessa comparação, essa taxa é a pior para o mês desde 2010, quando registrou queda de 8,2%.
Na comparação com abril de 2015, os resultados negativos do varejo alcançaram as oito atividades pesquisadas. O maior peso na queda geral de 6,7% nessa comparação veio do grupo hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que teve recuo de -4,4% nas vendas.
Apesar do freio, o comércio deve ter, em 2016, seu pior ano, com uma queda de 4,8% nas vendas, de acordo com as projeções da CNC - ano passado o recuou ficou em 4,3%. De acordo com Fabio, só não será pior por conta da expectativa de redução da inflação, o que seguirá impulsionando as compras nos supermercados, que têm maior peso na taxa geral (corresponde a metade da taxa):
- Quando olhamos para o varejo ampliado, vemos que o crédito caro e escasso continua prejudicando as atividades que dependem dele, como as vendas de automóveis e materiais de construção. Para o ampliado, o fundo do poço ainda não chegou.
Volume de vendas cresce em 17 das 27 unidades da federação
Em relação ao mês anterior, 17 das 27 unidades da federação tiveram alta no volume de vendas em abril. As maiores taxas foram registradas por Sergipe (6,3%), Amapá (3,5%) e Paraná (2,9%). Entre os estados que tiveram redução no volume de vendas, a queda for mais intensa em Rondônia (-3,7%), na Bahia (-1,8%) e no Amazonas.
Na comparação com abril de 2015, a redução do volume de vendas no varejo alcançou 26 das 27 unidades da federação. A maior queda foi no Amapá (-15,1%).
O Rio segue com taxas negativas em todas as comparações. O volume de vendas caiu -0,1% na passagem de mês, acumula queda de 7,6% no ano e de 5,7% em 12 meses.
Quanto ao comércio varejista ampliado, todas as 27 unidades da federação apresentaram variações negativas para o volume de vendas, na comparação com o mesmo período do ano anterior.
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