Em relação ao ano passado, setor recuou 8,8%. Segundo o IBGE, queda acumula 6,9% em 2015
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FONTE: O GLOBO
RIO - A produção industrial brasileira avançou 0,6% em maio, frente a abril, informou o IBGE nesta quinta-feira. Em relação ao mesmo mês do ano passado, a retração foi de 8,8%. Em crise, o setor já acumula resultado negativo de 6,9% em 2015. O resultado ficou bem acima das expectativas do mercado financeiro, que projetava para maio queda de 0,5% ante o mês anterior e de 10,1%, contra o mesmo período de 2014, segundo a mediana das projeções compiladas pela Bloomberg.
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Já em pesquisa da Reuters a previsão era de recuo de 0,6% sobre o mês anterior na mediana das projeções de 25 analistas, e que de 10,2% ante o ano anterior na mediana de 21 projeções.
Foram três quedas seguidas na comparação com o mês anterior. O último resultado positivo havia sido em janeiro, com alta de 0,4%. Já na comparação com o ano anterior, são 15 contrações consecutivas.
Para André Macedo, gerente da coordenação de indústria do IBGE, o resultado positivo de maio não reverte o quadro negativo da indústria. Ele destaca que, nas três quedas negativas registradas de fevereiro a abril, o setor registra queda acumulada de 3,2%. Ou seja, o avanço de 0,6% é insuficiente para mudar o cenário.
— A entrada desse 0,6% não modifica em nada a análise que a gente tinha até então. A indústria ainda está 11,7% distante do ponto mais elevado e em patamar de produção, a indústria ainda está em níveis de junho de 2009 — argumenta.
O avanço em maio frente a abril foi influenciado por resultados positivos em 14 dos 24 ramos pesquisados pelo IBGE. Destacaram-se os segmentos de outros equipamentos de transporte, com alta de 8,9%, coque, derivados de petróleo e biocombustíveis (1,1%) e perfumaria (1,9%).
Também tiveram alta os ramos de bebidas (2,7%) e vestuário e acessórios (3,4%).
Por outro lado, puxaram para baixo o desempenho da produção de produtos alimentícios (-1,9%), produtos têxteis (-6,5%) e máquinas e equipamentos (-3,8%). Este último segmento é normalmente associado ao ritmo de investimento da economia.
Considerando as quatro grandes categorias investigadas pelo instituto (bens de capital, bens intermediários, bens de consumo duráveis e semi e não duráveis), o destaque ficou para os bens de consumo semi e não duráveis - que engloba produtos como alimentos e vestuário -, que avançou 1,2%, quebrando uma sequência de sete meses negativos.
A alta, no entanto, foi insuficiente para reverter a perda de 8,5% acumulada nesse período.
Também registrou leve alta (0,2%) o segmento de bens de capital. Já os bens intermediários (-0,5%) e os bens de consumo duráveis (-0,1%), tiveram resultados negativos em maio contra abril.
Se, na comparação com abril, a indústria conseguiu bons resultados na maioria dos itens acompanhados pelo IBGE, o mesmo não ocorreu na comparação com maio de 2014. Nesse tipo de cálculo, houve retração em 23 dos 26 ramos que compõem a pesquisa.
Com isso, 72,4% dos 805 produtos investigados registraram contração. Como tem ocorrido em meses anteriores, a maior influência negativa foi a de veículos automotores, cuja produção encolheu 25,5% em maio, ante o mesmo mês do ano passado.
O resultado negativo nesse tipo de cálculo foi amenizado pelo bom desempenho da indústria extrativa, que avançou 7,7%. O IBGE destacou que o resultado foi impulsionado pelos avanços na extração de minérios de ferro e óleos brutos de petróleo.
Em abril, a indústria havia recuado 1,2% frente a março e, frente a abril de 2014, registrou contração de 7,6%. Na ocasião, o resultado foi influenciado pela queda generalizada em todas as cinco grandes categorias econômicas pesquisadas pelo IBGE. Naquele mês, o instituto informou ainda que o emprego industrial diminuiu 5,4%, na comparação com o mesmo período do ano passado, completando uma sequência de 43 resultados negativos do indicador.
A crise do setor já se arrasta há anos, influenciada pela perda de ritmo em segmentos importantes, como a indústria automobilística. Em 2012, a produção industrial fechou em queda de 2,3%. No ano seguinte, ensaiou uma recuperação, subindo 2,1%, mas, em 2014, desabou 3,2%.
Para o fim de 2015, as perspectivas não são boas. Segundo o mais recente boletim Focus, divulgado segunda-feira pelo Banco Central, os cerca de 100 analistas que respondem à pesquisa esperam, na mediana, que a produção industrial feche o ano com retração de 4%. Para 2016, a expectativa é de recuperação, porém tímida: alta de 1,5%.
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