TIJUCA - Porque o bairro é um dos preferidos para Negócios na cidade do Rio de Janeiro
Publicado em 04/07/2013
Dez coisas que eu amo na Tijuca Destaque
Quarta, Jul 03 2013
Escrito por Flávia Ruiz
A jornalista Flávia Ruiz conta por que é apaixonada pelo bairro.
Flávia Ruiz
Toda vez que eu saio de casa - ou, muitas vezes, de dentro de casa mesmo - me deparo com mil assuntos que caberiam nesta coluna. Coisas pequenas, corriqueiras, mas muito preciosas. O tipo de coisa que faz a gente rir à toa, ou ficar intrigado ou mesmo que nos conectam com algo que a gente já nem lembrava que tinha, em algum lugar da nossa mente. Então eu reuni algumas coisas da nossa região que me fazem feliz. Alguma delas pode ser a sua...
❶ Ter crescido na Tijuca: existe alguma coisa muito especial em voltar a morar, quando adulta, no lugar onde você nasceu e cresceu. Ainda que o tal lugar não seja o melhor, o mais bonito, o mais luxuoso, sempre vai existir uma dimensão a mais que não seria possível em nenhum outro endereço. A sua própria história se espalha por toda a parte junto com ruas, árvores, carros, lojas, casas, prédios que surgem ou desaparecem... E você tem um encontro consigo mesmo a cada esquina.
❷ A presença dos queridos: diretamente derivado do primeiro item da lista, este também é coisa de quem tem raízes na Tijuca. Se você cresceu aqui é muito provável que, como eu, tenha família aqui também, além de um punhado de amigos de infância. Eu morei em outros lugares por alguns anos e lembro que, logo nos meus primeiros dias de volta, tive o gostinho de sair na rua pra resolver um problema de casa nova e esbarrar com minha tia. Com meu primo. Com uma amiga de ginásio que eu não via há mais de dez anos... Uma delícia. Não tem IPTU que pague isso.
❸ A vida de pedestre: eu sou do tipo que dispensa qualquer meio de transporte diante da possibilidade de andar. E a Tijuca é um daqueles bairros do Rio onde as calçadas tem vida, os quarteirões existem e o comércio está espalhado por toda parte. Tem sempre um jornaleiro ou uma barraquinha de frutas na esquina. Só pega carro quem quer.
❹ O comércio: aqui na Tijuca o comércio é uma força vital à parte. Uma mistura interessante onde coexistem as coisas mais novas, e super na moda, com aquelas lojinhas que já existiam no tempo das nossas avós e que, sabe Deus como, se mantém abertas e com freguesia cativa.
❺ A bicharada: acho que ninguém discute que a Tijuca é um dos bairros que concentra mais amantes de bichos dessa cidade. É raro entrar numa casa que não tenha um cachorro, um gato, um passarinho ou uma tartaruga, que seja. Às vezes todos esses ao mesmo tempo. Isso seria, aliás, a casa da minha avó. Eu sou uma rara tijucana que não tem nenhum bichinho (atualmente), mas eu gosto de ouvir os barulhos deles na vizinhança. Tem gente que fica histérica com um latidinho de cachorro que seja. Fazer o quê? Tem gente que está no bairro errado e ainda não se deu conta.
❻ A proximidade com a natureza: vamos combinar: a floresta é nossa! Não falo só da Floresta da Tijuca, que é uma coisa... Falo da natureza que se espalha, ainda, por várias partes da região. Quem mora na beira de alguma montanha por aqui sabe melhor do que eu: se você chegar de repente numa janela periga dar de cara com um mico ou um tucano! Coisa chata, né?...
❼ A história: podem me condenar, mas eu detesto coisa nova. Ok, detestar é forte. Digamos que eu não acho tanta graça. Uma das muitas razões pelas quais eu nunca moraria na Barra. É tudo novo. É tudo enorme. É tudo distante. E todos os prédios tem menos de trinta anos de idade. Aqueles prédios que eu chamo de “geladeira ambulante”: alto, branco, cheio de vidro e aço-inox pra todo lado. Não é pra mim. Eu adoro saber que a Tijuca consta em romances do século XIX, que temos casarões de mais de século, que minhas bisavós circularam por aqui de luvas e chapéus, andando de bonde... História é tudo e bairro velho é que faz a vida boa.
❽ A praticidade: eu gosto muito de ir a todo lugar, por mais distante que seja, pra me divertir. Mas não suporto gastar horas e horas do meu dia pra ir ao médico, ou fazer um exame, ou pagar uma conta. E morando aqui é muito raro ter que fazer isso. Tem de tudo na Tijuca. Se você mora nos arredores da Praça Saens Peña, então...
❾ As pracinhas: minha filha nasceu enquanto eu estava morando em outro bairro. E eu lembro que minha mãe achava que eu ficava muito trancada no apartamento com o bebê e que precisava tomar mais sol. E ela falou: “pega o carrinho e vai com ela pra uma pracinha”. Foi uma ótima ideia, exceto pelo fato de que não havia nenhuma. Uma tristeza. E tem muitos e muitos bairros do Rio na mesma situação. Não é o nosso caso. Na região da Tijuca tem algumas das melhores pracinhas da cidade e elas estão sempre cheias de crianças. Uma verdadeira festa pública ao ar livre.
❿ Um certo quê: a gente pode listar um monte de qualidades para uma série de lugares nesse mundo. A gente pode enumerar mil razões pra morar nesse ou naquele lugar. Mas, pra mim, tudo depende mesmo é de um certo quê. Uma coisa que não pode ser tocada ou vista, propriamente, mas que faz toda a diferença. Uma energia. Uma vida. Um certo colorido que determinado lugar tem. Os barulhos. A expressão no rosto das pessoas em volta. O ritmo do bairro. O amor àquele jornaleiro favorito da esquina. Ou o apego ao pãozinho que você prefere e que fica na padaria logo ali... Coisas que fazem de um bairro algo mais do que um lugar pra morar. Um quê. E ele está aqui. Você não acha?